domingo, 28 de março de 2010

Palácio de Cristal (País das Maravilhas)

Entrei
pé ante pé
nos jardins proibidos
onde o cristal brilha como prata
reluzindo os mesmos brilhos do rio Douro.

Entrei só para te ver
pé ante pé
seguindo as veias de água
seguindo as construções de tuas mãos
seguindo o som da água que corre
do vento que passa
dos chilrear de aves que cantam para ti.

Entrei nos jardins de mestre Pavão
do real ganso
dos plátanos centenários
Entrei só para encontrar o conforto dos teus braços
beijar a tua pele
explodir como a agua que explode e verte nas cascatas de pedra.

Entrei. Ponto final.
Entrei e não quero sair mais.
Porque o meu nome é Alice
e o meu país das maravilhas és tu.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Arco-Íris - vários e pequenos versos que me vieram à alma hoje....;)

A chuva que cai não é de dor
nem de revolta
nem tão pouco de sofrimento...

Inveja?
Quem sabe....
Inveja? Mas de quem?

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Nasce um arco-íris no céu
onde até agora choveu.
As palavras lavaram-se
as faces e os corpos também.
A purificação retorna
ao seu verdadeiro ser
onde encontro de novo a tua pele
onde as cores se libertam
se espalham no céu
como a espuma de ondas no oceano.

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Foda-se! Eu amo viver! Que faço eu aqui e agora?
Vou viver!!!
VIVER...
Estou feliz...

segunda-feira, 15 de março de 2010

Vagabundos

A noite cai e lá vem ela
exibindo seu corpo ondulante
despida de roupa e preconceitos
ao ritmo do seu peito que salta
ao ritmo do tacão que bate na calçada
até à esquina mais próxima
porque já se faz tarde e ela tem fome;

Espera na esquina
pelo velho vagabundo
ela, a jovem vagabunda,
secreta entrada de juventude,
o prazer momentâneo de um grito que se torna eco
a troco de tudo e de nada.

A noite termina nos ecos perdidos
serão de dor?
serão de prazer?
serão de tristeza?

Mas porquê esta vida?
Porquê a puta desta vida!?

Pois não sabes tu?
Eu te digo:
Porque és vagabunda
de lugar e de alma!

Vagabunda! Acorda Mulher!
Vagabunda!

domingo, 14 de março de 2010

Vem...

Vem para os meus braços
Que a noite está quente;

Entrelaça o teu corpo no meu
Como se fôssemos um tronco
de uma árvore maior
mais alta que a maior do mundo,
Uma árvore cujas mãos
apertam a lua com a ponta dos dedos
e cujos pés sorvem a água
dos lençóis de seiva subterrâneos;

Beija-me amor
Beija-me unindo os teus lábios aos meus
Sorvendo o calor da minha boca;

Olha-me
Olha-me nos olhos
E vê os ramos sobre a lua
E sobre a água
E sobre nós.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Sopro Matinal

Acordo ao som da porta escancarada
por onde o vento entrou
passou
soprou
largou palavras de chamamento
que me ergueram do sono;

Os pés pisaram o chão
o vestido rolou no vento
levantou
agitou os seus braços de serpente
e assobiou;

Entras-te.

Trazias o cheiro a amêndoa
a flor de jasmim
a lilás
a roxo
a violeta
e na mão o pincel;

Tocaste-me com palavras
e com beijos,
enrolaste-me o vestido
cosendo a tua pele à minha
e levando-me no vento.

O quarto ficou vazio.
A porta fechou-se.


quinta-feira, 11 de março de 2010

Primavera

O vento arrasta o violeta
Que sai dos violinos
cuja música da primavera fazem soar
por entre os ramos das amendoeiras em flor
E no topo de ramo pia o rouxinol
E um anjo olha para ti...
Estás debruçado no baloiço
Com o sol vivo no verde dos teus olhos
E o meu coração bate ao ritmo da amendoeira em flor que floresce
e com a sua cor, eu pinto o nosso amor...

Uma Asa Voa

Se uma asa voa a cada beijo teu
Serei eu mesmo um anjo
Ou será sonho meu?
Quando vejo o bater de asas
e me vejo voando para teus braços

És a concha
E eu a pérola
Porque sou pequena
E tu grande, maior que os sonhos
E és forte e sábio de palavras e gestos
E me seduzes
E me engoles entre as conchas gémeas,
eu, a pérola dos teus olhos
A órbita verde que contorna a tua íris
Que te abre o mundo repleto de sensações de amor
que te abre as pálpebras a cada toque de língua

Porque uma asa voa a cada beijo teu.